22 setembro 2007

Ô mô diah


Num dialeto estranho ela me olhou
Numa linguagem que ninguém entendeu
Achando que era coisa de passagem
E que ninguém notaria

Pensando eu que fosse diferente...
Me disse: "ô fio... num sei como cê mi guenta"
Assim mesmo sem pontuação no final
"Eu também não prezada senhora"

Mas antes nessa de melancolia
Do que numa de rancor e arrependimento
Melhor esses sons da cidade ruidosa
Do que numa de me ouvir o dia todo

(...) e prestar atenção (...) porque eu sofria (...) e não sabia de muitas coisas.

Mas é porque eu via gente dormindo na rua
Eu via meninos passando fome na calçada
E brincando de bolha de sabão nos para-brisas
E de casinha com boneca de verdade

Eu passava e me comovia e não dizia nada
Eu sofria e não tinha ação
Escrevia pra mim mesmo
Cantava sozinho

"Triste Bahia ó quão dessemelhante"
Essa terra de ninguém
Essa terra da técnica de defesa pessoal
Eles me dissera "isso é problema seu"
Não sofro mais por mim