Estão a tirar nosso couro aos pouquinhos
Psicologicamente falando, esfolando mesmo
Polícia, ladrão, polícia, bandido e tiroteio
Gente com medo e gente nem aí gente!
Metrópolis, metropolitana gente falante
De ônibus, a pé, de beco, viela e avenida
Já sei tia Ruth... vamos viver dessa fantasia passada
Melhor do que sofrer sem saber do que vai ser mais nada
De sair por aí antes de dar tempo de pegarem nosso pé
De andar sem importar as horas confiando em São José
Cantar nas ruas do Pelô chamando Pedro de Lara
Sem nem precisar de beber pra ter que se alegrar
Ficar com medo só do boiante no Porto da Barra
Enquanto João vende camarão cantando aos brados
Eis aqui a cidade da Bahia, de Gregório e Castro Alves
De governante, negro escravo e mulher amada do cais
Só pra não esquecer que um dia eu sonhei com esse ano de agora
Te alerto pra que sonhe com esse ano de depois e que depois o de depois também
***Poesia é coisa guardada no baú dos sonhadores. Né pé-de-planta, mas se não cultivar acaba. Te escrevo essa pra lembrar que ainda sonho.